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Cristianismo e Sociedade

Crimes no Discord: um alerta aos pais e adolescentes

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O Discord é uma plataforma de interação e jogos online lançada em 2015, projetada para conectar pessoas por meio de bate-papo em texto, voz e vídeo. O Discord se tornou popular entre a comunidade gamer, mas expandiu seu alcance para outras áreas, incluindo grupos de interesse, comunidades profissionais, educação, além de ser muito utilizado hoje por conta do Midjourney, uma inteligência artificial de imagens e design. 

No entanto, em meio a diversos benefícios e funcionalidades, recentemente o número de casos de crimes no Discord, tendo como vítimas crianças e adolescentes sendo expostas a conteúdos nocivos tem crescido, além de ocorrências de abusados cometido por maiores de idade.

Como funciona o Discord

Para começar a usar o Discord, é necessário ter uma conta, que pode ser criada gratuitamente. Uma vez registrados, os usuários podem criar ou participar de servidores, que são espaços onde as pessoas se reúnem para conversar sobre interesses comuns, como uma espécie de grupo. Esses espaços de interação podem ser públicos ou privados, permitindo que os usuários escolham a privacidade adequada para suas necessidades. Nos servidores, os usuários podem interagir por meio de canais de texto e voz, onde é possível compartilhar mensagens, imagens, vídeos e realizar chamadas em grupo.

Além disso, o Discord oferece recursos de personalização, permitindo que os usuários personalizem seus perfis com avatares, status personalizados e temas de interface. Também é possível adicionar bots, que são programas automatizados que executam tarefas específicas, como moderação de chat, reprodução de música ou fornecimento de informações úteis. A moderação de chat no Discord é uma parte essencial para manter a segurança e a qualidade das interações na plataforma. O Discord oferece uma combinação de ferramentas automatizadas e moderação humana para garantir que as diretrizes e políticas sejam seguidas pelos usuários.

Privacidade e segurança no Discord

Em 2021, o Discord lançou seu Relatório de Transparência mais recente, revelando dados alarmantes. Surpreendentemente, cerca de 32,8% dos usuários foram vítimas de assédio enquanto estavam na plataforma, uma estatística preocupante que mostra a necessidade urgente de medidas de proteção. Além disso, 11% dos usuários relataram serem vítimas de crimes cibernéticos e 8% relataram “violência por conteúdo gráfico”, o que engloba violência explícita, crueldade com animais, conteúdo sexualmente explícito e pornografia não solicitada.

Porque jovens e adolescentes amam o Discord

Primeiramente, o aplicativo proporciona uma maneira única de fazer novas amizades. Enquanto se envolvem em suas partidas, os usuários têm a oportunidade de conhecer pessoas com interesses e gostos semelhantes aos seus. A conexão imediata com outros participantes ocorre durante jogos, outras formas de entretenimento e grupos de amigos, conhecidos ou comunidades de um jogo específico, podendo transcender fronteiras geográficas e aproximando jovens de todo o mundo.

A interação entre os jogadores durante as partidas se destaca como um elemento chave para aumentar o atrativo dos jogos. Os usuários se vêem envolvidos na atmosfera virtual enquanto trocam mensagens com outros jogadores, compartilhando estratégias e movimentos em busca da vitória. Essa imersão realista proporciona um prazer inegável aos jovens entusiastas, tornando o Discord a plataforma preferida para aqueles que desfrutam de jogos online em servidores. 

Perigos e controvérsias na plataforma

Quanto aos perigos da plataforma, o Discord não tem mecanismos eficazes para verificar a idade dos usuários que se cadastram. Isso permite que crianças menores de 13 anos acessem a plataforma sem dificuldade. Por isso, as  crianças podem participar de conversas inapropriadas para sua faixa etária, como as que envolvem sexo, pornografia e conteúdos nocivos. Além disso, os usuários podem navegar por diversos servidores e se deparar com linguagem vulgar e ofensiva facilmente e não há como limitar o acesso dos usuários a outros fóruns, o que favorece que eles encontrem todo tipo de assuntos de discussão disponíveis no aplicativo sem nenhum impedimento.

Neste domingo, em uma reportagem do Fantástico, foi divulgado como criminosos têm se aproveitado das brechas na plataforma para cometer abusos. Os bandidos usam a plataforma para se relacionar com as vítimas, trocando mensagens como acontece comumente entre usuários e desenvolvem certa intimidade, para depois solicitarem fotos. Após receberem as imagens, eles manipulam as jovens e fazem chantagens e ameaças para obrigá-las a cumprir alguns desafios.

Tais desafios usam de manipulação e abuso psicológico, fazendo de vítimas várias meninas adolescentes, sendo a maioria dos abusos praticados por maiores de idade, como destacou a promotora Maria Fernanda Balsalobra, na matéria apresentada pelo Fantástico.

Dicas de prevenção e auxílio para os pais

Em 2017, os dados da pesquisa TIC Kids, realizada no Brasil, revelaram que 9% das meninas ouvidas (de 3.102 adolescentes) tiveram contato com solicitações de fotos íntimas na internet. Esses pedidos ocorreram em maior número entre garotas de 15 a 17 anos. A verdade é que a maioria dos jovens nascidos entre 1995 e 2010, já compartilhou ou recebeu fotos íntimas. Quanto a isso, em Geração Selfie, Rodolfo Capler destaca:

Às vezes o recebimento de nudes é invasivo. Muitas garotas entrevistadas confessaram ter recebido nudes involuntários de rapazes expondo suas genitálias (Capítulo 3, buscando prazer no sexting).
Por isso, o monitoramento dos pais é de extrema importância, porém, exige cuidado, para não incorrer em violação da privacidade dos filhos, sendo assim, o melhor caminho é construir um relacionamento com muito diálogo. Entretanto, quando falamos de menores de 14 anos, o monitoramento necessita ser mais intenso e cuidadoso, pois, segundo a lei, são considerados vulneráveis.  Para auxiliar nessa importante tarefa, existem aplicativos para monitorar a navegação e até bloquear sites, como o FamiSaf e o Qustodio (ambos disponíveis gratuitamente).

Para refletir mais sobre esse assunto, recomendamos a leitura do livro Geração Selfie, escrito por Rodolfo Capler. Essa literatura oferece uma visão profunda dos dilemas e soluções enfrentados pelos nativos digitais. Com base em pesquisas reais e uma análise abrangente, ele fornece insights cruciais para pais, educadores e líderes, revelando o caminho para compreender e orientar a Geração Z.

 Ética sexual como caminho para prevenção

Outra medida que os pais, lideranças e responsáveis por adolescentes podem adotar, visando a segurança de seus filhos, alunos e irmãos na fé, é dialogar e ensinar sobre ética sexual cristã, visando por meio dela desenvolver um caminho de “alfabetização sexual” à luz das Escrituras.

A ética sexual cristã desempenha um papel fundamental na prevenção de problemas relacionados à sexualidade. A Palavra de Deus nos orienta a respeito da sexualidade e nos fornece ferramentas e princípios sólidos para vivermos de acordo com a vontade de Deus. O ensino deste tema pode desempenhar um papel crucial na formação de uma consciência sexual saudável e, por meio dela, podemos explicar a importância da pureza, do respeito mútuo, do amor verdadeiro e o nosso valor como criaturas feitas à imagem de Deus.

Embora seja desafiador abordar a sexualidade, não podemos nos omitir. Ao fazer isso, estaríamos deixando nossas crianças e adolescentes à mercê do que o mundo prega sobre o assunto, por meio de músicas, filmes, séries e conversas diárias às quais estão expostos. Ao educá-los com base no conhecimento e sabedoria bíblica, contribuímos para o desenvolvimento de sua maturidade, capacitando-os a resistir às influências negativas e a serem uma luz em meio à escuridão para seus amigos e conhecidos que também enfrentam desafios de abuso e engano.

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