Cristianismo e Sociedade

O Cristianismo na áfrica é pré-colonial

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A origem do cristianismo na África é algo inquieta a mente da sociedade atual, muito por conta de polêmicas envolvendo erros da igreja, embora o cristianismo tenha florescido em solo africano muito antes da colonização.

Para início de conversa precisamos entender que: A África exerceu um papel decisivo na formação da cultura cristã; conquistas intelectuais decisivas do cristianismo foram exploradas e compreendidas primeiro na África antes que fossem reconhecidas na Europa, e, em relação à América do Norte, com um milênio de antecedência.

O Cristianismo na África tem uma história muito mais longa do que suas expressões ocidentais ou europeias. A forma profunda com que os professores africanos moldaram o mundo nunca foi adequadamente estudada ou reconhecida, nem no norte, nem no sul do globo.

O cristianismo possui raízes profundas e ricas no continente africano, muitas vezes esquecidas ou ignoradas pela história ocidental. E tudo começou em Atos 8, na conversa de Filipe com o etíope.

O cristianismo é pré-colonial

Há, entretanto, um cristianismo pré-colonial africano que não depende nem de fontes ocidentais, nem europeias. É uma tradição intelectual escrita rica e detalhada da mais alta qualidade.

No período de sua maior vitalidade, a primeira metade do primeiro milênio, o intelecto africano floresceu tanto que era procurado e altamente valorizado por cristãos nas margens setentrional e oriental do Mediterrâneo.

Orígenes, um africano, foi procurado pelos mestres da Cesareia Palestina. Lactâncio foi convidado pelo imperador Diocleciano (245-313) a ser professor de literatura em seu palácio asiático na Bitínia. Agostinho foi convidado para ensinar em Milão. Há diversos casos semelhantes de movimentos intelectuais da África para a Europa — entre eles: Plotino, Valentino, Tertuliano, Mário Victorino e Pacômio.

Este ponto deve ser saboreado, apreciado sem pressa, para que penetre profundamente: os cristãos ao sul do Mediterrâneo estavam ensinando os cristãos ao norte. Os cristãos na África estavam informando, instruindo e educando os melhores professores siríacos, capadócios e greco-romanos. Essa liderança intelectual amadureceu de tal modo que influenciou e moldou, no consenso ecumênico, os modos de interpretação das Escrituras e, portanto, atingindo o cerne do dogma cristão.

A concepção equivocada comum é diametralmente oposta: a de que a liderança intelectual, de maneira geral, se deslocou do norte para o sul, da Europa para a África. Mas na história cristã, ao contrário desse pressuposto comum, o fluxo de liderança intelectual pode ser demonstrado a partir da África para a Europa – do sul para o norte. Mas isso já foi demonstrado?

A Importância do Cristianismo Africano Antigo

Nos séculos iniciais, entre 50 e 500 d.C., a África foi um dos principais centros de desenvolvimento intelectual e espiritual do cristianismo. Foi nesse período e local que surgiram análises filosóficas, interpretações das Escrituras e práticas morais que moldaram a essência do cristianismo que conhecemos hoje.

O continente africano não só acolheu o cristianismo, como foi responsável por parte significativa de seu desenvolvimento teológico e filosófico. Grandes pensadores africanos, como Agostinho de Hipona, influenciaram profundamente a teologia cristã com suas obras e conceitos. A vitalidade do cristianismo, que se expandiu para dois terços do mundo, deve muito à África.

O Desafio de Redescobrir a História Cristã Africana

Hoje, jovens acadêmicos africanos enfrentam o desafio de resgatar e valorizar essa história. Muitos preconceitos históricos minimizaram ou ignoraram a contribuição africana para o cristianismo, criando uma visão eurocêntrica da história e das tradições cristãs. É essencial que uma nova geração de estudiosos reveja esses pressupostos e traga à luz a verdadeira riqueza intelectual africana.

A Mente Africana na História da Igreja

Nos primeiros cinco séculos, o pensamento africano era amplamente respeitado e imitado no cristianismo. A exclusão da história da igreja africana nos últimos séculos é uma falha na narrativa ocidental, que distorce a compreensão completa da fé cristã e seu desenvolvimento.

A “mente clássica cristã” foi profundamente moldada pela intelectualidade do solo africano. A África deu ao cristianismo suas primeiras escolas de interpretação bíblica e um sistema ético e disciplinar robusto. As ideias e práticas que brotaram da África se espalharam para o norte e se consolidaram na tradição cristã global.

O cristianismo na África ainda está florescendo 

A população cristã está predominantemente localizada no hemisfério sul. Isso já foi amplamente demonstrado pelas pesquisas sociológicas e demográficas cuidadosas de David Barret, Rodney Stark e P Rodney Stark. Os europeus e norte-americanos estão percebendo que o futuro do cristianismo reside muito mais ao sul do equador do que ao norte.

Ainda assim, os cristãos do sul do globo têm muito menos oportunidades de apreciar ou até mesmo de aprender a sua história do que os cristãos ocidentais. Isso é especialmente verdadeiro sobre os africanos. A solução está em uma investigação histórica de qualidade superior, e não em uma história precipitada ou na manipulação ideológica da evidência histórica.

Não somente os ocidentais, mas tragicamente muitos acadêmicos africanos e líderes de igrejas também têm ignorado seus mais antigos ancestrais africanos cristãos. Alguns deles têm focado tanto em condenar a história missionária colonialista do século 19 que nem mesmo chegaram a contemplar a importância de sua própria herança intelectual patrística africana pré-moderna.

Mesmo os defensores do nacionalismo negro, que exaltam todos os outros aspectos imagináveis da tradição africana, parecem ignorar sistematicamente este presente legado pela patrística africana.

Os cristãos na África comuns merecem ter um meio muito mais acessível de compreender o cristianismo primitivo africano: a sua fé, coragem, tenacidade e força intelectual marcante. É por isso que a história deles deve ser contada: contada agora mesmo e contada com muito mais detalhes.

Precisamos estudar sobre a chega do cristianismo na África

Esses argumentos esperam para serem apresentados de forma explícita, mas a evidência está clara e presente. Continua sendo a tarefa de uma geração de futuros acadêmicos, muitos deles da África: voltar a estudar o fluxo de ideias da África para a Europa e descrever seu impacto.

Foram necessários anos de trabalho diário na história da exegese para nós que editamos o Comentário Cristão Primitivo das Escrituras percebermos o quão profunda havia sido a influência africana em todas as fases posteriores da interpretação das Escrituras. Nós não estávamos preparados para a dimensão e o poder desta evidência. Em nenhum lugar da literatura podíamos encontrar uma explicação para essa influência. Em todos os lugares parecia que esse fato era ignorado ou resistido.

Ele só apareceu depois de décadas de experiência com textos e ideias africanas. Finalmente, nós aprendemos a traçar o caminho de volta, de Antioquia, Jerusalém, Constantinopla, Nísibis e Roma até suas origens na África.

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