Porque o reino de Deus não consiste em comer e beber, mas em justiça, paz, e alegria no Espírito Santo. Romanos 14.17
A espiritualidade é um dos assuntos da fé cristã que muito se ignora e que é mal-entendida. Hora se confunde com “yoga”, outras vezes com uma espécie de meditação oriental. Isso quando, de uma forma mais requintada não é reduzida a um conjunto de práticas religiosas, como “meditação, oração e jejum”. Essas práticas, são na tradição cristã conhecidas como “disciplinas espirituais”, pese embora sejam importantes para o nosso crescimento, isso não significa, no entanto, que ao praticá-las, nos tornamos “espirituais”.
Então, o que seria ser espiritual ou, no que consiste a verdadeira espiritualidade cristã? Antes de respondermos a essa pergunta, devemos considerar que somente quem está em Cristo, ou seja, quem é nova criatura, (2Co 5.17), ao aceitar Jesus como Salvador e se submeter a Ele como Senhor de sua vida, fazendo deste modo parte da nova criação, passa então a experimentar uma vida renovada e habitada pelo Espírito Santo.
A imagem que deve ficar em nossas mentes é justamente essa, “o Espírito Santo vindo morar dentro de nós”, ou seja, nós, nos tornando habitação, morada ou templos de Deus. Então, a verdadeira espiritualidade, ou, a verdadeira vida cristã, resulta primeiramente da ação do Espírito Santo, ao restaurar em nós a imagem e semelhança de Deus, que foi corrompida pelo pecado, nos dando desse modo, a possibilidade de sermos novamente aquilo que fomos projetados para ser, imagens de Deus no mundo.
Diferente do que muitas vezes intuímos a respeito do que é ser “espiritual”, a resposta que encontramos nas Escrituras, é a de que a verdadeira espiritualidade não nos faz anjos, seres desencarnados, mas consiste em sermos plenamente humanos como Jesus.
Em Jesus, vida humana e divina convergem. É justamente nessa unidade entre o transcendente e o imanente que brota a verdadeira espiritualidade. Assim, ser espiritual não consiste em se cumprir um conjunto de regras morais, muito menos tem a ver com algum tipo de ascetismo, e, reduzi-la a prática da “oração, meditação e jejum”, somente, ou mesmo ao que se faz no domingo e no templo, é não compreender o que que seria de fato a verdadeira espiritualidade cristã.
Se é vida no “ESPÍRITO”, então tem a ver com um modo de viver e existir no mundo, que antecipa no presente a vida do “REINO DE DEUS”, justiça, paz, e alegria no Espírito Santo. Essa espiritualidade transformadora, que brota da ação do Espírito Santo em nós, preenche a vida cotidiana, dando sentido as coisas mais ordinárias, como tomar um café com a família, ser generoso, abraçar o desamparado, partilhar o pão. Tudo isso, tem a ver com ser espiritual.
Como disse Osmar Ludovico, “a verdadeira espiritualidade reside na santidade do gesto simples do cotidiano. Em Jesus Cristo não há megalomania, grandiloquência ou extravagância, mas a simplicidade do gesto humano, ternura e firmeza. […] A verdadeira vida cristã, significa sermos menos espirituais e mais humanos como Jesus.
MARTINHO CHINGULO